Na indústria, buscamos constantemente excelência operacional, e um dos indicadores mais valorizados nesse processo é o OEE – Eficiência Global dos Equipamentos. Estruturado com precisão técnica no clássico de Robert C. Hansen, o OEE revela com clareza onde estão os gargalos de produtividade em nossas linhas. Contudo, há um componente invisível nas planilhas e muitas vezes negligenciado nos fóruns executivos: o fator humano.
Ao longo de mais de 20 anos liderando transformações operacionais em grandes indústrias da América Latina, aprendi que nenhuma melhoria de processo é sustentável sem o engajamento genuíno das pessoas. Equipamentos só entregam seu potencial máximo quando operadores, líderes e equipes trabalham com disciplina, propósito e clareza de metas.
OEE é humano antes de ser técnico.
Robert C. Hansen nos ensina que o OEE é composto por três pilares: Disponibilidade, Performance e Qualidade. Mas quem responde rapidamente a uma falha não prevista? Quem ajusta os parâmetros de produção com agilidade e precisão? Quem reconhece os sinais de perda de qualidade antes que o problema se torne um lote perdido? São pessoas. São operadores atentos, supervisores bem treinados e líderes comprometidos com o desempenho coletivo.
Portanto, cada ponto percentual de ganho no OEE começa com uma liderança ativa e uma equipe empoderada.
A liderança como alavanca de eficiência
Os melhores líderes que encontrei nas plantas são aqueles que não apenas cobram resultados, mas que formam pessoas. Eles transformam uma parada não planejada em um momento de aprendizado. Eles reconhecem e recompensam comportamentos de excelência. Eles sabem que resultados sustentáveis nascem da cultura, não da pressão. Liderança eficaz, segundo autores como Jim Collins e Daniel Goleman, é aquela que gera segurança psicológica e direcionamento claro. Em ambientes assim, o erro vira oportunidade, o operador se sente dono da linha e o gerente se torna um mentor – não apenas um cobrador de números.
Capacitar é acelerar resultados
Se queremos aumentar o OEE, precisamos investir sistematicamente em formação prática e feedback contínuo. Mais do que capacitação técnica, é necessário desenvolver competências como:
Tomada de decisão sob pressão;
Análise crítica de perdas;
Comunicação entre turnos;
Mentalidade de dono.
A experiência mostra que programas de formação on the job, liderados por gestores com foco em alta performance, são os que mais rapidamente impactam o indicador.
Disciplina operacional é cultura, não projeto
O verdadeiro ganho de OEE vem da repetição disciplinada dos comportamentos corretos. Isso exige rotinas bem desenhadas, líderes presentes no Gemba e uma cultura onde o cumprimento do padrão é mais valorizado do que a improvisação heroica.
Na Gestão Alta Performance, temos visto resultados consistentes quando unimos método (como o TPM ou o Lean) com uma agenda estruturada de desenvolvimento de líderes operacionais.
Conclusão
Se sua planta busca elevar o OEE, talvez não precise de mais sensores, mais dados ou mais automação. Precisa de pessoas comprometidas, líderes inspiradores e uma cultura de excelência praticada no chão de fábrica todos os dias.
O fator humano é (e sempre será) o principal diferencial competitivo das operações de alta performance.